Juarez Machado / Brasil - Aqui DAS ARTES |
- Tais Luso de Carvalho
Este assunto só veio à tona por eu ter dado com os olhos num programa de televisão, sobre “Mulheres Ricas”. Não quero falar do que vi, só me servi dele para fazer um parâmetro entre o "excesso e o necessário".
Mas, no mesmo dia, li uma matéria sobre a escritora e jornalista Danuza Leão - falecida em 2022 aos 88 anos, que foi casada com o jornalista e empresário Samuel Wainer. Conheceu e conviveu com pessoas importantes no mundo da política, da cultura e da moda. Viveu com todas as mordomias e luxos numa época importante do nosso país. Porém, num certo momento de sua vida, não lhe importaram mais seus vestidos de Grife, suas bolsas e malas famosas. Caiu fora! Levou alguns anos para chegar à conclusão de que o melhor, para ela, era a simplicidade.
Danuza doou muitos de seus livros, se desfez de suas roupas, suas bolsas e sapatos de Grifes famosas. Vendeu seu luxuoso apartamento, seu carro e tudo o mais que possuía, não precisava de excesso. Foi morar num apartamento bem menor que simplificasse sua vida. Logicamente com bom gosto, o que tinha de sobra. Passou a se vestir com a maior simplicidade: jeans, tênis, camiseta, por aí.
Acordava, lia os jornais, caminhava na praia, e fazia questão de mostrar que se pode ser feliz abrindo mão dos supérfluos. Luxo para ela, na época, significa levar uma vida mais simples. Foi colunista da Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e O Globo.
O importante é que se dizia feliz. Realmente fiquei impressionada pelo seu desprendimento. Em geral as pessoas tentam se enquadrar dentro de algumas atitudes mais normais, tentam fazer as coisas mais ou menos certas, mas é difícil diante de tantos apelos, para se ter, apenas, o que não se pode, e a coisa vai ficando difícil, tudo vai virando uma bola de neve e só aumentando. Passa-se a dançar a música dos outros. E por aí, muitos se perdem nessa euforia perigosa do consumismo.
Vivemos numa sociedade consumista, opressora e de muita ostentação. Nosso mundo é uma selva, impera a lei do mais forte, que oprime e dita as regras. E de muitas ofertas viramos ótimas presas. Nesse ponto é que entra nossa boa estrutura para aguentarmos tais apelos. Programas de televisão nos vendem sonhos. Quantas mulheres não se deixam influenciar por artistas malhadas e cheias de silicone? E, estas, passam a ideia de que isso tudo faz alguém feliz.
Existem aqueles maratonistas atrás de tudo o que é TOP, querem tratamento VIP por serem o fulano, ou filho do beltrano e neto do sicrano. E dê-lhe “carteirada” (gíria brasileira para obter vantagens devido ao cargo que ocupam). As mulheres pagam os olhos da cara para exibirem uma etiqueta Armani, Versace, Givenchy, Chanel, Prada e outras tantas famosas.
Precisamos ser muito autênticos para não cair na teia. Mas, como vivemos num mundo de muitas falsidades, existem aqueles que mesmo sem poderem, entram na roda e ficam devendo os olhos... E pagam alto preço por serem insaciáveis.
Descobrir o que é melhor para nós não é fácil, mas é um alívio quando se vive verdades. É a qualidade de vida que muitos sonham: viver bem sem grandes sacrifícios, com o conforto necessário. O que mata as pessoas é a ambição, a ostentação.
Por isso penso que todo excesso, pelos quais muitos se matam, vai ficar por aqui. Iremos todos para mesmo lugar: com as mesmas flores, a mesma terra preta. Ou cinzas. Como preferirem.
E dias depois já seremos águas passadas... Completamente esquecidos.